segunda-feira, 15 de junho de 2015

O que é a fibra de carbono?





No post anterior, falamos sobre a importância do material para a eficiência dos freios, agora vamos conhecer mais sobre esse material tão interessante e visado em inúmeros setores do mercado.Você pode não saber como ele é feito e nem conhecer todas as aplicações possíveis, mas você certamente já ouviu falar deste material: fibra de carbono.




Sendo um material sintético, a fibra de carbono é composta por filamentos construídos majoritariamente de carbono, mas não apenas desse elemento — pois há outros utilizados para a produção dos filamentos e também para a sustentação das fibras. Entretanto, o que faz da fibra de carbono um material tão elogiado e utilizado em todo o mundo? Por que queremos que esteja cada dia mais presente?


A resposta para isso é relativamente simples, mas precisa de uma base que você vai conferir agora mesmo. Em resumo, a fibra de carbono é leve e forte, sendo uma excelente opção para o ferro. Como ela pode substituir outras ligas e por que isso tem sido muito importante nos últimos anos é o que você vai descobrir... Acredite, a fibra de carbono está mais presente na sua vida do que você imagina.


a fabricante de supercarros koenigsegg foi uma das pioneiras a  empregar fibra de carbono nas rodas de seus esportivos

Como é feita esta fibra?

A principal matéria-prima das fibras de carbono é o polímero de poliacrilonitrila — um material obtido a partir da polimerização de uma variação do acrílico. A vantagem dessa fonte é a alta concentração de carbono, uma vez que mais de 90% dos átomos no material são justamente disso. Durante a produção, o polímero é esticado e se torna paralelo ao eixo das fibras, formando uma liga bem rígida e resistente.





Depois dessa etapa, ocorre uma oxidação em altas temperaturas (de 200 °C a 300 °C) para fazer com que os átomos de hidrogênio sejam removidos das chapas ou ligas — ao mesmo tempo em que o oxigênio é adicionado. Em seguida ocorre um novo aumento de temperatura até 2.500 °C para que ocorra uma total carbonização. Ao final de tudo isso ainda existe o dimensionamento. Este processo é o da moldagem, em que as fibras são tecidas (em fios com até 10 micrômetros de espessura) e depois resinadas para se unirem — isto será mais bem descrito no decorrer do texto.

Resumindo... A produção das fibras de carbono é dividida em quatro etapas indispensáveis: polimerização por pirólise (extração do carbono a partir do superaquecimento da poliacrilonitrila); ciclização (método de esticamento dos polímeros para o eixo da fibra); oxidação (extração do hidrogênio e adição do oxigênio); e adição de reagente (quando o epóxi será adicionado para a moldagem das placas de carbono).

Materiais possíveis

Como já dissemos, a pirólise de materiais ricos em carbono é a origem de polímeros dessa substância. Praticamente qualquer material orgânico pode ser utilizado para isso, mas a escolha é totalmente baseada na quantidade de carbono que existe em cada fonte. Em 1879, Thomas Edison conseguiu criar fibras a partir de algodão e bambu, mas hoje esse tipo de extração tornou-se menos viável.



Anos depois, na década de 1950, Roger Bacon realizou um processo diferente e conseguiu resultados similares a partir de seda artificial Raiom. Mas foi apenas na década de 1960 que as empresas japonesas começaram a utilizar a poliacrilonitrila (PAN). Não demorou muito para que todo o mercado se voltasse a esse mesmo procedimento, que mostra-se mais viável e barato em escala industrial.

Ainda existem outras fontes utilizadas ao redor do mundo, mas é preciso dizer que isso ocorre em escalas menores. Um exemplo disso é o carro Krestel, que foi produzido em 2010 e tem como base a fibra de carbono extraída a partir do cânhamo. Também há fibras produzidas a partir de algodão, linho e diversos outros materiais orgânicos.

A importância da cola

A fibra de carbono não seria nada sem a presença de uma cola tão resistente quanto ela. É claro que não podemos nos referir ao elemento de fixação como uma cola comum, mas sim como uma resina epóxi de alto desempenho. É ela que fará com que as chapas de fibra fiquem estabilizadas e aproximadas. Não é exagero dizer que, sem as resinas epóxi, fibras de carbono não teriam a resistência que permite a aplicação em tantos meios como acontece hoje.
Como o site ArsTechnica afirma: “A dureza e a leveza da fibra de carbono deriva de duas coisas. Primeiro estão os componentes que serão a base dos filamentos de carbono, aliados ao epóxi que moldará o elemento-base. A segunda coisa é a troca química entre dois elementos que fará com que o material se misture, permitindo que o epóxi seja realmente a sustentação de tudo”.


                                         Lamborghini Sexto Elemento, recebe esse justamente pelo uso extensivo de fibra em sua construção ( já imaginou o Bajacaré "Sexto elemento"?)

Compostos ou nada

Você não vai encontrar um produto no mercado que seja 100% carbono. As empresas utilizam o material em conjunto com outros elementos para que as fibras sejam aplicáveis em diversos processos. Isso é o que gera os materiais compostos reforçados por ligas plásticas ou metálicas, por exemplo.

Na indústria, uma das aplicações mais claras disso está no “Carbon Fiber Reinforced Plastic” (CFRP), que é utilizado em aviões e muitos outros bens de alto desempenho e que demandam durabilidade elevada. Este é outro momento em que se torna bem clara a importância vital dos epóxis de alta qualidade.

Por que usar?

Uma das principais vantagens que as fibras de carbono têm sobre o aço é a leveza do material. Sem o peso dos metais, as estruturas tornam-se mais leves — facilitando o transporte e também reduzindo custos no caso da produção de veículos —, ao mesmo tempo em que não ocorre a perda de resistência das ligas obtidas a partir da junção de fibras de carbono com epóxis e materiais plásticos.

No ramo da construção civil, o que torna os compostos carbonosos mais interessantes do que metais é a durabilidade. Por causa de sua estrutura não oxidável, a ação do tempo não confere corrosão aos materiais. Ou seja, ele pode ser mantido por muitos anos sem que ocorra qualquer dano por processos similares à “ferrugem”.

Usos e benefícios

Ligas baseadas em fibras de vidro são levadas para diversos mercados, sempre utilizadas para garantir leveza e resistência aos produtos em que são aplicadas. O CFRP utilizado em aviões é vital para que as aeronaves fiquem mais leves e economizem combustível, além de sofrer menos com a ação do tempo — o que aumenta a durabilidade.



usada também raquetes profissionais.



Na Fórmula 1, carros criados com fibras de carbono atingem velocidades mais altas e protegem melhor os pilotos do que outras ligas. Indo para ambientes mais próximos de nós, as bicicletas “Carbon” vistas nas pistas profissionais conseguem oferecer desempenho sem igual — sendo também vistas nas corridas de estrada.

Ainda em relação aos esportes, é preciso dizer que a fibra de carbono pode ser vista em muitos locais diferentes. A empresa Zoltek afirma que a utilização do material pode ser vista em “tacos de golfe, raquetes de tênis, esquis, snowboards, tacos do hóquei e varas de pescar”. Isso sem falar da importância na indústria, em setores de pesquisa e desenvolvimento e também na construção civil.

Se ela é tão fantástica por que é tão pouco empregada?

Simples: Grana. Seu custo de produção é o Calcanhar de Áquiles do emprego extensivo desse material, pois sua produção torna quase sempre inviável o uso da mesma em vários materias, fazendo muitas empresas buscarem o uso de fibras mistas (a fibra de carbono com outras fibras) para tentar 
conter custos. Aquelas 4 etapas de produção da fibra citadas lá encima consomem muita energia e tempo de produção, por um material que ainda precisa de algumas semanas pra ficar pronto. O jeito é esperar a inovação no meio de produção da fibra de carbono e esperar que os preços caiam.